quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Bondade vs. Justiça

Nós últimos tempos tenho sido confrontado por uma pessoa muito próxima com a falta de bondade,  falta de bondade no mundo civilizado... Estou a brincar. Falta de bondade em mim próprio, nas minhas acções.
Esta falta de bondade, segundo a própria, resulta do meu temperamento intempestivo e revoltado perante situações que, na minha opinião, fogem à normalidade, ou à minha normalidade. Esta "anormalidade" que me causa fúria, é este o nome, quase sempre controlada, resulta da falta de justiça, mesmo injustiça, nos mais diversos campos da minha escala de valores. Escala de valores construída através de uma educação formal, sólida e monástica. Educação baseada no Mos Maiorum romanomuito ao gosto da minha mãe. Toca a pesquisar.
Nesta fase da minha vida, o meu sentido de justiça está mais apurado do que nunca, cada vez mais, mais apurado do que o meu sentido de bondade. Sei que não posso mudar o mundo, mas tenho menos paciência, cada vez menos, com faltas de educação, com ultrapassagens em filas de supermercado, com cinismo, com maldade. No fundo, com o chico-espertismo muito presente e caracterizador da sociedade portuguesa.
Trocando isto por miúdos, por exemplo, se uma qualquer pessoa me pedir uma esmola porque é preguiçoso, não trabalha, não se esforça, respondo com justiça: não sou bom, não merecem, não dou. Parece que este exemplo foi escolhido de propósito para te trazer para o meu lado, caro leitor, mas manifesta-se em trivialidades. Se eu sei que uma qualquer pessoa, através das suas acções passadas, nunca me emprestaria um qualquer objecto se eu precisasse, ficando prejudicada momentaneamente com esse empréstimo, também não faço o esforço para lhe emprestar algo, caso precise: aconteceu recentemente. Por que razão eu tenho de ser bom, e emprestar-lhe algo, prejudicando-me ou não, se a justiça me manda não o fazer? Não serei bom, mas sou justo.
Entre justiça e bondade, escolho justiça. Não gostam? Tenho pena mas, lá está, é justo.

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