Cada vez mais, o conhecimento de cada um seria um arquipélago mínimo no incomensurável oceano da sua ignorância.
O infinito num junco, Irene Vallejo
Cada vez mais, o conhecimento de cada um seria um arquipélago mínimo no incomensurável oceano da sua ignorância.
O infinito num junco, Irene Vallejo
O alfabeto foi uma tecnologia ainda mais revolucionária do que a Internet. Construiu pela primeira vez essa memória comum, expandida e ao alcance de toda a gente.
O infinito num junco, Irene Vallejo
Borges, que pertencia ao grupo dos que pensam da segunda forma, escreveu: «Dos diversos instrumentos do homem, o mais surpreendente é, sem dúvida, o livro. Os restantes são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da sua visão; o telefone é a extensão da voz; depois temos o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
O infinito num junco, Irene Vallejo
No seu esforço para se perpetuarem, os habitantes do mundo oral aperceberam-se de que a linguagem rítmica é mais fácil de recordar, e foi nas asas dessa descoberta que nasceu a poesia. Ao recitar versos, a melodia das palavras ajuda a repetir o texto sem alterá-lo, porque a música se quebra quando a sequência falha.
O infinito num junco, Irene Jalejo
O livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não se pode fazer melhor.
Tudo aquilo parecem desenhos,
Mas dentro das letras estão vozes.
Cada página é uma caixa infinita de vozes.
Mia Couto, Mulheres de Cinza
Na mitologia grega, a atenção e o cuidado dos doentes estavam encomendados às mãos femininas de duas atenciosas deusas, filhas de Asclépio, o deus da medicina: Hígia e Panaceia. A primeira tratava da limpeza e da saúde humana, por isso legou o seu nome à higiene; a segunda conhecia os medicamentos elaborados com plantas e o seu nome aplica-se aos remédios universais. A enfermaria atual, herdeira do trabalho das filhas de Asclépio, é um ofício que contém conhecimentos técnicos sobre prevenção, higiene e tratamento. Nos últimos anos, dentro da profissão, começou a reivindicar-se o valor dos "cuidados invisíveis", aqueles gestos que não ficam anotados em nenhum registo médico, que não são aparentemente clínicos, como as carícias, o sorriso ou as palavras reconfortantes, mas que, sabemo-lo hoje, têm uma grande importância na cura das nossas doenças. Essa atenção que, embora não conste, conta.
Alguém falou sobre nós, Irene Vallejo