quarta-feira, 21 de agosto de 2024

A comédia do ambicioso

Um homem que aspira a coisas grandes considera todo aquele que encontras no seu caminho, ou como meio, ou como retardamento ou impedimento ou como um leito de repouso passageiro. A sua bondade para com os outros, que o caracteriza e que é superior, só é possível quando ele atinge o seu máximo e domina. A impaciência e a sua consciência de, até aqui, estar sempre condenado à comédia - pois mesmo a guerra é uma comédia e encobre, como qualquer meio encobre, o fim-, estraga-lhe todo o convívio: esta espécie de homem conhece a solidão e o que ela tem de mais venenoso.

Para Além do Bem e do Mal, Nietzsche 

Escola

É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil. 

Nietzsche 

Eu também

Não gosto daqueles que se comportam bem por medo de ir para o inferno. Prefiro os que se comportam bem porque gostam de se comportar bem. Não gosto daqueles que são bons para agradar a Deus. Prefiro os que são bons porque na realidade são bons. Não gosto de respeitar os meus semelhantes porque são filhos de Deus. Apraz-me respeitá-los porque são seres que sentem e sofrem. Não gosto de quem se dedica ao próximo e cultiva a justiça pensando, deste modo, agradar a Deus. Gosto de quem se dedica ao próximo porque sente amor e compaixão pelas pessoas.


Há lugares no Mundo onde a gentileza é mais importante do que as regras, Carlo Rovelli 

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Sim

A poesia e a ciência são criações do espírito que possibilitam novas maneiras de pensar o mundo para o compreendermos melhor. A grande ciência e a grande poesia são ambas visionárias e, por vezes, podem chegar às mesmas intuições. A cultura hodierna que cava um fosso entre ciência e poesia é, a meu ver, insensata, porque se torna míope para a complexidade e a beleza do mundo que ambas revelam.

Carlo Rovelli

Saturno

Nunca e sempre

Amor ou solidão 

Preto e branco

Cara ou coroa

Orgulho e passado

Desastre ou morte

Força e trabalho 

Cansaço ou despedida

E a vida

Com ou sem ti.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Nuno Rocha Morais

Reconheceram-no apenas pela mão

Esfacelada anos antes num duelo,

Despedaçado e decapitado 

Por uma turba em fúria - 

Talvez lhe tenham vazado os olhos, 

Mesmo depois de morto, 

Para que nada escrevesse de quanto viu.

Um poeta, portanto.

Difícil

Dizia o João Cabral que se morre da morte que ela quer, mas (...) não vejo por que é que o valor da vida há-de continuar a prevalecer sobre o valor de uma morte serena e sem sofrimento.

Lembro-me muitas vezes do epitáfio do Sena ao Casais Monteiro, em que se perguntava: «Como se morre, Adolfo?». Vejo agora que é assim.

Oxalá possamos dizer boa noite assim, tão sem ressentimento contra a morte, contra vida.

O importante é não azedar, dar o troco com um sorriso...


Nuno Rocha Morais

Fanatismo

É a única forma de força de vontade acessível aos fracos. 

Nietzsche 

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Direito

A nobreza de alma reconhece-se, em parte, pelo modo orgulhoso e magnífico como ela ataca: sempre a direito.

Friedrich Nietzsche 

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Uma Oração

Senhor que tudo sabes e podes e 

nada fazes e ainda bem 

livrai-nos das prostitutas mais irresistíveis 

e dos padres que tudo perdoam 

e dos poetas que têm missão a cumprir 

mas principalmente livra os outros 

dos inúteis sonhadores pretensiosos 

inveterados bêbados como Tu e eu


Rui Caeiro 

Rui Caeiro

Pois morre-se de muita coisa, de muita coisa se morre, morre-se por tudo e por nada morre-se sempre muito