sexta-feira, 10 de abril de 2020

Encostados

"A terceira coisa é o que não mudou e ainda não é desta vez que vai mudar, sobretudo em Portugal. O Estado impôs a quarentena. Faz sentido que tente minorar os seus prejuízos. O pior é que, ao resgatar a economia, é muito provável que resgate aspectos da economia que hoje representam sobretudo rendas para alguns e custos para todos. Para muitas novas iniciativas que podiam ter prosperado, esta crise foi uma calamidade. Mas para velhos incumbentes que já deviam ter-se adaptado ou falido, esta crise foi mais uma bênção, ao dar pretexto ao Estado para lhes prolongar a agonia, aliviando-os temporariamente das consequências, não da quarentena, mas da sua incapacidade de inovar e competir. Sim, a quarentena de 2020 ainda poderá ser, no curto prazo, a sorte grande dos zombies (empresariais, mas também sindicais e burocráticos) que, na nossa economia, bloqueiam iniciativas e empreendimentos. Poderia ter sido diferente? Poderia, mas não vai ser."

Rui Ramos, Observador


Sem comentários:

Enviar um comentário