"Perante a enésima revelação de tão virtuosa rede de corrupção, o que faz a plebe? Resmunga umas imprecações alusivas ao sr. Berardo e jura não voltar a consumir certo vinho que, pelos vistos, o homem produz. Nação valente, de facto. E um nadinha retardada. José Manuel Fernandes chamou à apatia “indiferença cívica” e primou pela suavidade. Metade daquilo que os portugueses toleram, engolem e quiçá aplaudem não caberia na cabeça de um habitante normal de uma sociedade normal, alargando o conceito ao Chipre e ao Butão. Em lugares civilizados, burlões e comparsas de semelhante calibre estariam na cadeia ou a caminho da dita, felizes por escapar à turba de justiceiros com archotes. Por cá, mantêm intactos o poder, a influência e a convicção de que, logo que concedam o ocasional bode expiatório, não haverá quem os belisque. A convicção é fundamentada."
Alberto Gonçalves, Observador
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