terça-feira, 25 de junho de 2024
Vinte e cinco
Verdade
O mais belo espectáculo de horror somos nós
Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia A noite recebe as nossas mãos como se fossem intrusas, como se o seu reino não fosse pertença delas, invenção delas. Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes. Emparedados, sem possibilidade de comunicação, limitados no nosso ódio e no nosso amor, assim vivemos. Procuramos a saída - a real, a única - e damos com a cabeça nas paredes. Há então os que ganham a ira, os que perdem o amor.
António José Forte
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Coisas
Havia quem se suicidasse escrevendo um poema, como havia quem se suicidasse olhando simplesmente para o mar.
António José Forte
sexta-feira, 21 de junho de 2024
António José Forte
"Há (...) gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores." Mas foi porventura necessário escrevê-lo para ser mais verdadeiro.
Herberto Hélder
segunda-feira, 17 de junho de 2024
quarta-feira, 12 de junho de 2024
Top
Sem os livros, as melhores coisas do mundo tinham caído no esquecimento.
O infinito num junco, Irene Vallejo
Maroto
Um remoto pompeiano escreveu na parede de uma taberna: "Eu fodi a dona."
O infinito num junco, Irene Vallejo
Sim
Como escreveu Hannah Arendt, «O passado não leva para trás, mas sim impulsiona para a frente e, ao contrário do que se poderia esperar, é o futuro que nos conduz para o passado».
terça-feira, 11 de junho de 2024
Há XX séculos.
"Prefiro uma amante que tenha ultrapassado os trinta e cinco anos e já tenha cabelos grisalhos na sua melena: que os apressados bebam o vinho novo; eu gosto mais de uma mulher madura que conheça o seu prazer. Tem experiência, que constitui todo o talento, e conhece mil posições no amor. A voluptuosidade nela não é falsa. E, quando a mulher goza ao mesmo tempo que o seu amante, é o cúmulo do prazer. Odeio o abraço em que um e outra não se entregam inteiramente. Odeio essas uniões que não deixam os dois exaustos. Odeio uma mulher que se entrega porque tem de fazê-lo, que não se humedece, que pensa nas suas tarefas. Não quero uma mulher que me dê prazer por dever. Que nenhuma mulher faça amor comigo por obrigação! Gosto que a sua voz traduza a sua alegria, que murmure que é preciso ir mais devagar, que ainda me devo conter. Gosto de ver a minha amante a usufruir com os olhos vencidos e que desfaleça e não permita que a acaricie mais."
Ovídio