O que costuma acontecer aos adultos é que fazem críticas vagas em relação a algo em geral. Por isso, também ensino aos meus alunos que, se tiverem de fazer uma crítica, tentem primeiro formulá-la de tal maneira que não seja uma censura vazia; e, se de qualquer modo a fizerem, que apresentem, pelo menos, uma alternativa. Uma crítica deve ser seguida de uma alternativa.
Não percebo a razão de tal dia. Que a mulher é importante, já sabemos. Que é um ser extraordinário, com resiliência, com capacidade de sofrimento, com características ímpares na raça humana, nomeadamente de empatia, beleza, sensibilidade, perseverança: também já sabemos. Que a história da humanidade está carregada de exemplos onde a mulher não foi bem tratada, nem valorizada, nem colocada no melhor lugar: é história. Mas todos estes exemplos não justificam tal dia. Na minha opinião, o dia da mulher serve apenas para mostrar que a mulher ainda não está ao nível do homem porque, se estivesse, não precisava de dia.
Os dias da mulher e do homem são todos. Homens e mulheres caminham lado a lado desde os primórdios da humanidade. Actualmente, a mulher conquistou em definitivo o seu lugar e não há machismo nenhum que se possa opor a isso.
Ainda há poucas décadas a mulher não era tida nem achada em nada. O que conseguiram desde aí é extraordinário e revelador das suas reais capacidades.
Não percebo como podem haver homens que não valorizam as mulheres, se não tiverem mais razão nenhuma, todos têm uma mãe...
O caminho é demonstrar todos os dias as qualidades que têm, as habilidades que possuem, o sentido de responsabilidade que apresentam, a resiliência, a abnegação, a capacidade de sofrimento... eu sei que já me estou a repetir mas não me canso.
Tenho muita sorte nas mulheres que tenho na minha vida, fazem-me muito feliz mas... esqueçam lá o dia. O dia das "minhas" mulheres são todos: mesmo assim: parabéns.
A polémica instalou-se com a canção vencedora para nos representar no Festival Eurovisão da Canção.
Para mim, são perfeitamente estúpidas as críticas: que não se adequa ao estilo do festival, que devia ser mais direccionada para o estilo pop/rock/metal, que é demasiado simples, que o cantor não tem grande voz, que os camones não vão perceber a letra, que o tema é pueril e muito batido, que devíamos mandar um homem com barba vestido de mulher... são algumas das críticas que incendiaram as redes sociais!
E não é que são todas verdadeiras (excepto a última) mas que, mesmo assim, não beliscam em nada a música em questão, o seu valor, significado e intensidade.
A canção é linda, a interpretação é boa, a letra é inspiradora. O simples e o belo podem funcionar e, neste caso, funcionam numa perfeita comunhão que há muito não sentia ao ouvir um tema.
Se não se adequa ao estilo do festival, azar... Para mim, só existem dois tipos de música: boa e má, e esta é, claramente, uma música boa muito na linha do que nos tem apresentado a cantautora. Curiosamente ou não, a voz e o estilo do cantor são muito semelhantes à voz e estilo da irmã.
Pior do que temos apresentado nos últimos anos não é e, além disso, o próprio festival é uma farsa, sempre foi, com troca de votos entre países e pré-combinações abjectas que colocam a nu a nossa verdadeira dimensão.
Ah! já agora, como nos diz a canção: "o meu coração pode amar pelos dois."