Um comerciante arruinado que vivia no Cairo sonhou que tinha de ir a Isfaão porque ali encontraria um tesouro que lhe devolveria a riqueza. Após longas jornadas de viagem, chegou à cidade ao anoitecer. Não encontrou alojamento, pelo que se refugiou numa praça junto de uma mesquita. Nessa noite, numa casa próxima, houve um roubo, e ele foi detido juntamente com uns mendigos pelo simples facto de estar ali. O mercador explicou o motivo da sua viagem a Isfaão ao guarda, que, divertido, replicou:
- Que disparatado que és. Eu também tenho muitos sonhos por aí, mas não lhes faço caso. Uma vez, sonhei que precisava de ir ao Cairo e procurar uma casa branca que tem no pátio um relógio de sol. Atrás do relógio há uma figueira e, sob a figueira, enterrado no chão, um tesouro. Mas pensas que fiz caso desse sonho? Claro que não. Toma, pega nesta moeda e volta ao teu lar, iludido.
O comerciante pegou na moeda e voltou rapidamente à sua cidade. O polícia descrevera-lhe a sua casa. Ao chegar, procurou sob a figueira e achou o tesouro.
In "A Oficina dos Livros Proibidos", Eduardo Roca, Marcador, 2011.
In "A Oficina dos Livros Proibidos", Eduardo Roca, Marcador, 2011.
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